Adam e o Sr. Pesadelo

Escrita por Ery Lopes

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Capítulo 5


No calabouço


De repente, uma grande gritaria se fez no curso daquele rio. Dezenas de outras camas eram arrastadas pelas águas, na mesma direção em que Adam era levado por aquela correnteza. Muitas crianças — meninas e meninos — eram estavam ali, assustados, sem saber o que se passava com eles.

Uma daquelas camas ficou bem próxima ao móvel em que Adam navegava. Era uma menina que estava sobre aquela cama. Ela usava um pijama florido e trazia os cabelos presos em duas tranças.

E foi ela quem iniciou a conversa:

— O que está acontecendo aqui?

Adam lhe respondeu:

— Eu também não sei. Eu estava no meu quarto, deitado, e de repente o chão sumiu e minha cama começou a descer, descer, até cair aqui.

A menina revelou que o mesmo havia se passado com ela e, ainda mais apavorada, acrescentou:

— Eu quero voltar pra minha casa!

Outras crianças começar a gritar, algumas delas chamando pela mãe, algumas chamando pelo pai, outras apenas gritando. Adam ficou muito aterrorizado com aquele chororó todo e resolveu acompanhar aos demais com os berros, mas logo mais se calou.

Aliás, todos se calaram de susto. É que aquele negro rio parecia finalmente chegar ao seu final.

Agora a correnteza arrastava as camas ladeira abaixo, rumo a um mar infinito. Lá embaixo, porém, havia um enorme submarino no formato de uma baleia e cada cama descia por um canal, igualzinho a um tobogã. O final dos canais escorregadores dava com uma das muitas escotilhas — aquelas portas na cobertura de navios e submarinos.

Então, a cama de Adam escorregou até um das escotilhas daquele submarino gigante e ao fim da descida, ele foi jogado em um quarto pequenino e completamente vazio.

Logo mais, nesse mesmo quartinho foram colocadas outras duas crianças.

Uma delas era aquela menina de pijama florido e duas tranças. A outra criança era um rapazinho de pijama amarelo.

— Onde nós estamos? — indagou a menina.

O rapazinho de pijama amarelo respondeu:

— Estamos em uma espécie de calabouço.

— O que é um calabouço? — foi Adam quem perguntou.

O rapazinho respondeu prontamente:

— Calabouço é uma prisão como essa. Na Era Medieval, os reis construíam no subterrâneo de seus castelos celas assim, pequenas, escuras e úmidas, para aprisionarem as pessoas que desobedecessem às ordens do reino.

A menina ficou impressionada com a inteligência do rapazinho e perguntou:

— Onde você aprendeu tudo isso?

— Eu gosto de ler estórias e contos, especialmente os clássicos. Então, eu aprendo bastante com a leitura.

Depois de responder à menina, o rapazinho acrescentou:

— Eu me chamo Eduardo. Qual o nome de vocês?

A resposta veio logo:

— Meu nome é Adam.

— Eu sou a Michelle.

Depois de se apresentar, a menina pergunta a Eduardo:

— E então, senhor sabidão, pode explicar o que está acontecendo por aqui?

— Isso eu não sei! — respondeu o rapazinho — Só sei que me recolhi no meu quarto e quando deitei na cama, um buraco se abriu e comecei cair e cair, até chegar ao rio que me trouxe aqui.

— Foi exatamente o que ocorreu comigo — disse Adam.

— E comigo também! — a menina confessou.

Eduardo começou logo a elaborar ideias:

— Bem, se viemos parar aqui juntos, é porque temos alguma coisa em comum.

— O que isso quer dizer? — Michelle interrogou de novo.

Dessa vez foi Adam quem respondeu:

— Fomos trazidos para cá por uma mesma razão. Ou seja, nós devemos ter feito alguma coisa que nos trouxe aqui.

A menina completou:

— E pelo jeito, alguma coisa errada!

Nesse momento foi que Eduardo interrogou Adam:

— Tem uma coisa curiosa aqui: notei que todos os garotos e garotas trazidos aqui estão com roupas próprias para dormir. Mas você, Adam, está vestido de forma diferente.

Michelle também comentou:

— É verdade! Você sempre vai dormir de chuteiras?

— Claro que não! — respondeu Adam — Na verdade, eu fui me deitar muito chateado porque eu queria jogar futebol com essas chuteiras e uma bola nova que meu tinha acabado de comprar para mim. Só que choveu forte e eu não pude sair para brincar…

Depois foi a vez de Eduardo relatar sua história:

— Eu também estava muito chateado quando me deitei para dormir. Eu havia brigado feio com minha irmã. Ela é insuportável, sabe? — ele fez uma breve pausa e depois continuou — E quanto a você, Michelle?

A mocinha confessou:

— Devo dizer que eu estava mais do que chateada: estava mesmo era muito irritada com meus pais.

— O que eles fizeram? — Adam questionou.

Michelle respondeu:

— Desistiram de me levar ao cinema, como havíamos combinado. Eu fiquei muito irada!

Logo em seguida Adam analisou a situação:

— Será que nós viemos parar aqui por causa de nossa irritação? A minha avó sempre diz que nunca devemos ir dormir com o coração chateado, senão teremos pesadelos.

Eduardo então deu sua opinião:

— Parece que estamos sendo castigados por isso. Isso parece com um terrível pesadelo!

Tremendo de medo, Michelle exprimiu:

— Aí, eu quero voltar pra minha casa e pros meus pais!

Eduardo lança uma pergunta no ar:

— A questão é: como vamos sair dessa?


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