
Escrita por Ery Lopes
O dia amanheceu e Emerson foi acordado pelo seu pai.
— Bom dia, filho. Final de semana chegou e hoje é o dia de visitar a casa dos avós. Está lembrado do combinado?
— Sim! — respondeu o rapazinho, animando-se — Para vermos as coisas antigas que o vovô guarda no porão!
— Exatamente — o pai concordou.
Em instantes a família se reunia na cozinha para o café da manhã e logo em seguida seguia para o destino planejado.
* * *
Depois dos cumprimentos aos avós, Emerson não perdeu tempo e foi prontamente pedindo para o avô levá-lo ao porão. Como o senhorzinho não estava entendendo nada, o pai do garoto cuidou de explicar a situação:
— O Emerson participou de uma excursão escolar no Museu Municipal para ver uma exposição sobre coisas da Antiguidade e ficou encantado com algumas coisas de lá. Então eu disse para ele que o senhor provavelmente ainda guarda aqui muitas relíquias de antigamente.
— É claro! — respondeu o velho — Eu guardo coisas incríveis que herdei ainda do meu bisavô. Venham ver só!
Enquanto a mãe se encaminhava para a cozinha com a pequena Emília e a avó, Emerson seguiu o avô e o pai ruma ao pequeno museu que havia no porão daquela casa.
Realmente, havia lá muitos artigos curiosos que o garoto desconhecia, inclusive uma vitrola, parecida com a radiola que havia visto no museu, ao lado de uma coleção de LPs. Seu avô aproveitou para rodar um disco.
— Eu adoro essa música! — disse o avô, quase chorando de emoção — É a “Valsa da Primavera” de Antonio Vivaldo, da coleção “As Quatro Estações”... Me faz lembrar de quando conheci sua avó.
Emerson ficou impressionado como aquele aparelho produzia o som através de uma agulha que deslizava sobre o disco, que girava sobre uma espécie de prato. Ele sacou seu celular do bolso e foi logo fotografando aquele aparelho de som tão bacana.
A essa altura, o vovô já deixava cair lágrimas mesmo. Mas então, deu um salto para frente para pegar outro objeto.
— Eu tenho outra coisa de que certamente vai gostar...
Era uma caixa de madeira colocada sobre um tripé, com uma enorme lente na frente e outra menor na parte traseira.
— O que é isso, vovô? — o garoto indagou curioso.
— Você nem vai acreditar, filho, — disse o pai — mas era com isso que se tirava fotografias antigamente.
Emerson mostrou estranheza:
— Isso é uma...
— Uma máquina de bater retrato! — seu avô completou.
E assim foi todo o resto daquela manhã: o senhorzinho contando ao netinho, tim-tim por tim-tim, como todas aquelas coisas funcionavam.
Antes que chegasse a hora do almoço, houve tempo para o velho mostrar um antiquíssimo modelo de aparelho de rádio, revestido de um grande caixote.
— E ainda funciona, vovô? — Emerson inquiriu.
— É lógico! Mas somente as estações AM. Deixe-me mostrá-lo.
O vovô girou uma chave e um chiado se fez ouvir. Ele mexeu em outro botou giratório e um ponteiro se moveu para sintonizar um sinal de rádio. Ele localizou uma estação e, apesar dos ruídos que iam e vinham, dava para ouvir o noticiário que estava sendo narrado naquele instante.
O senhor disse com vaidade:
— Originalmente ele só funcionava à pilha, mas eu mesmo fiz uma adaptação para pegar com energia elétrica.
Mas Emerson não lhe prestou atenção, pois se fixou no som do rádio, que noticiava que a exposição “A História da Evolução da Humanidade” no Museu Municipal seria aberta a todo o público naquela tarde, e que aquele seria o último dia de visitação.
— Oba! — Emerson exclamou contente — Que tal se nós fôssemos ao museu ver a exposição?
— Mas você não já viu essa exposição, filho? — disse o pai.
— Eu sim, mas vocês não viram! — o menino respondeu.